Um dos maiores expoentes da físico-química mundial, o professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ricardo de Carvalho Ferreira, 85 anos, faleceu nesta terça-feira, em sua casa, no bairro de Casa Forte. Ricardo Ferreira morreu às 7h, vítima de falência múltima dos dos órgãos e deixou quatro filhos. O velório acontece às 9h desta quarta-feira, e a cremação, às 14h, ambos no Cemitério Morada da Paz, em Paulista.
O reitor Anísio Brasileiro decretou luto oficial de três dias pelo falecimento do professor emérito. “A UFPE lamenta profundamente a sua morte ao mesmo tempo em que se reconhece na história do professor Ricardo, que se confunde com a da própria instituição”, afirmou o reitor. Graduado em Bacharelado em Química pela Universidade Católica de Pernambuco, o professor fez doutorado em Química pela UFPE. Ele inovou a química inorgânica com o cálculo das constantes de ionização ácidos oxigenados, tendo se tornado um dos químicos teóricos mais importantes do Brasil.
Ricardo Ferreira ingressou como professor na UFPE no ano de 1954 e se aposentou em 1994, mas continuou a se dedicar às pesquisas na área de físico-química, estudando aspectos eletrônicos da ação enzimática e da evolução molecular, como pesquisador do CNPq orientando bolsistas de Mestrado e de Doutorado
Foi professor colaborador do California Institute of Technology e da Indiana University; professor visitante do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), do Centro Latino Americano de Física, da Columbia University, da Earlham College, da Universidade de São Paulo e da University of Génève; professor titular da UFPE, do Departamento de Química Fundamental (DQF), e da Universidade Federal de São Carlos.
Presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o professor recebeu vários prêmios e títulos durante a carreira científica. Em 1975, ganhou o Honorary Fellow, da Magdalen College, em Oxford. Em 1977, passou a ser Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências - Seção de Química. Em 1979, recebeu o título de Professor Emérito da UFAL e, em 1980, passou a ser Membro Titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Em 1988, recebeu o Prêmio Rheinboldt-Hauptmann, da USP, e, nos anos de 1989 e 1993, foi homenageado especial na Reunião Anual da SBPC.
O professor passou a ser membro da Ordem Nacional do Mérito Científico, grau da Grã-Cruz, em 1995, e, no ano seguinte, recebeu o prêmio Almirante Álvaro Alberto, do CNPq. Em 1997, recebeu a medalha Simão Mathias, da Sociedade Brasileira de Química, e passou a ser presidente de honra da Instituição. Em 1999, recebeu o título de pesquisador emérito da CBPF e, dois anos depois, o título de Doutor Honoris Causa da UFAL e de professor emérito da UFPE. Em 2006, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da UFRN e, em 2007, o de professor emérito do CNPq.
Em 2012, recebeu uma homenagem ímpar. O asteroide 158520, descoberto pelos astrônomos Paulo Holvorcem e Charles Jules, ganhou seu nome e passou a se chamar “158520 Ricardoferreira”. Na época, ele disse que havia ficado muito surpreso. “Não sabia que isso estava acontecendo e fiquei muito contente quando soube que tinha sido meu querido amigo Clausius Lima que tinha sugerido botar meu nome nesse asteroide. Além de muito agradecido ao Paulo (Holvorcem), que eu nem conheço, mas concordou”, contou o professor, na ocasião.
DEPOIMENTOS – “Ricardo Ferreira representou o espírito universitário como professor dedicado aos seus alunos, como pesquisador de renome internacional e com reconhecimento científico pelas principais universidades do mundo”, afirmou o reitor Anísio Brasileiro. Ainda de acordo com Anísio, Ricardo era dotado de “uma visão social e de uma generosidade para com seu povo”. O professor Ricardo Longo, do Departamento de Química Fundamental da UFPE, destacou a facilidade de acesso ao pesquisador. “Ricardo Ferreira foi a pessoa mais generosa que eu conheci, principalmente com relação à vontade de ajudar as pessoas cientificamente. Recebeu todas as honrarias científicas, mas também era um exemplo de pai, de marido, de cidadão”, finalizou Longo.
O ex-reitor da UFPE Mozart Neves Ramos, que foi colega do professor Ricardo Ferreira, destacou o legado científico do pesquisador. “Ele foi um precursor da química teórica no Brasil, da química quântica. Ele incentivou todo um espectro de pesquisadores no Brasil. Fica a tristeza da perda, mas também a beleza do legado sólido que ele deixa que garante um futuro”, ressaltou Mozart.
Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2013/07/30/interna_vidaurbana,453379/pernambuco-perde-o-fisico-quimico-ricardo-ferreira.shtml
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